domingo, 31 de janeiro de 2010

O pior desastre humanitário?!



O Haiti (Capital de Porto Príncipe) - país arrasado por um terremoto de 7 graus na Escala Richter, em 12 de janeiro deste ano – entrou em colapso. O primeiro terremoto na capital matou ao menos 75 mil pessoas, ferindo 250 mil e deixando mais de 3 milhões de desabrigados.

Hoje, o número de mortos ultrapassa a margem dos 170 mil.

No dia seguinte ao tremor, cerca de 20 países anunciaram o envio de ajuda urgente ao país. O governo dos EUA, Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciaram ajudas individuais de US$ 100 milhões. Porém, mesmo com ajudas financeiras, a ONU pediu as comunidades internacionais ajuda urgente no valor de US$ 560 milhões.

As ajudas não paravam de chegar, em 18 de janeiro a União Europeia aprovou 430 milhões de euros em ajuda humanitária urgente e para a reconstrução da capital (a conferência internacional para reconstrução do Haiti deverá acontecer em Abril).

O Brasil também fez sua doação. Em 20 de janeiro já haviam sido doados US$ 15 milhões e o presidente Lula reiterou a disposição do Brasil em aumentar esse montante.

As imagens são muito tristes:

Pessoas esperando para serem atendidas:



Menina chorando após o terremoto:



Menino resgatado dos escombros:



Disputa por bolsas de alimentos:



Crianças na fila para receber alimentação:



Em pronunciamento ao Fórum Social Mundial, Lula disse uma coisa que concordo plenamente: “O Haiti, antes do terremoto que lhe recolocou na mídia, foi ignorado por aqueles que poderiam ajudá-lo.”

Para aqueles que não sabem, 80% da população do Haiti já vivia abaixo da linha da pobreza e nos últimos anos, empresas multinacionais, principalmente têxteis, se instalaram lá atrás de mão de obra barata. Em 2008 foi considerada a nação mais pobre das Américas, com uma expectativa de vida de 60,78 anos e analfabetismo atingindo 52,9% da população.

O catolicismo romano é a religião de estado, professada pela maioria da população. Porém muitos haitianos também praticam tradições vodu, sem ver nelas nenhum conflito com a sua fé cristã. 45,2% da população é analfabeta, a expectativa de vida é de apenas 60,9 anos.

O professor Ricardo Seitenfus (que vivia no Haiti) fez um relato sobre o que viu, e só não estava entre os escombros, porque na data do terremoto estava de férias no Brasil. Em seu relato, ele disse que o Haiti vive na urgência e na precariedade desde muito antes da atual tragédia.

“Trata-se de um Estado débil, dependente da ajuda internacional. O território foi particularmente castigado por catástrofes naturais. Porém, o atraso no desenvolvimento do Haiti deve-se também a outros fatores, entre os quais destacam-se as ditaduras cruéis que produziram uma cultura política de privilégios e violência. Durante a ditadura da família Duvalier, sob a batuta dos famosos Papa e Baby Doc, entre as décadas de 1950 e 1980, o Haiti mergulhou na pobreza e na corrupção. O legado autoritário repercute em todas as dimensões da vida nacional”, disse Seitenfus.


O professor disse ainda, que os desafios da reconstrução são imensos, e acredita que apenas uma aliança entre os países das Américas será capaz de enfrentá-los.

Dois dias após o terremoto um comentário “polêmico” da cantora Sandy Leah, me fez refletir sobre caso e fazer o post de hoje.

Infelizmente , a questão apresentada por Sandy em seu Twitter, foi mal interpretada. A cantora apenas abriu uma questão sobre o que justificaria tantas pessoas se mobilizarem para ajudar o Haiti, e pouquíssimas se mobilizarem para ajudar pessoas que sofrem das catástrofes naturais em nosso país. A questão também inclui a velocidade do governo brasileiro em ajudar os Haitianos, enquanto nosso povo demora para receber um auxílio.

Eu acredito que nosso país está certíssimo em ajudar e não considero que isso deve ser feito apenas pelas Relações Internacionais mas sim por uma questão humanitária. É muito bom ver as pessoas se mobilizando por uma causa tão nobre.

Mas eu me faço a mesma pergunta que a Sandy.

O Brasil está fazendo sua parte em ajudar, mas não podemos em hipótese alguma esquecer de ajudar o nosso país.

Foi por isso que eu dividi a postagem de hoje em duas partes: uma que apresenta informações do Haiti (da qual vocês já leram) e logo mais abaixo, informações sobre o Brasil. O que temos em comum? Bom, o Haiti se entrado dentro de um quadro comparativo, seria alguma cidade do Nordeste brasileiro. Então que tal saber um pouco sobre o nosso país antes de refletir sobre a ajuda que temos dado à Capital de Porto Principe?

Temos dados altamente positivos por aqui!

O Brasil, país de cultura heterogênea, encontra-se na 39ª posição entre os países com melhor qualidade de vida do planeta (dados de Março de 2009) e a sociedade brasileira é uma das mais multirraciais (pessoas que não são descendentes de uma única "raça") do mundo, sendo formada por descendentes de europeus, indígenas, africanos e asiáticos.



(Foto: Fernando de Noronha)

O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta: uma entre cada cinco espécies encontram-se aqui e somos visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Rússia, Índia e China (as economias BRICs). Possuimos a segunda maior reserva de petróleo bruto na América do Sul e somos um dos produtores de petróleo que mais aumentaram sua produção nos últimos anos, sem contar que somos um dos países mais importantes do mundo na produção de energia hidrelétrica.

Nosso país é recheado de lugares maravilhosos, e pouco a pouco estamos ganhando atenção mundial. Mas o Brasil tem diversos problemas sociais, das quais certamente você já conhece (mas nem sempre lembra), então citarei algumas delas aqui.

Falhamos, e muito, na preservação do meio-ambiente. E convenhamos isso não é novidade. Alguém tem ajudado ou feito algo para mudar esse quadro?

Para aqueles que não sabem, a desigualdade econômica do Brasil é uma das maiores do mundo, e a região mais pobre que temos é o Nordeste, que possui áreas com grandes ínidices de miséria e desnutrição, devido uma estrutura socieconômica frágil ocasionalmente agravada pelas secas periódicas da região. Além disso, o Nordeste é o estado com o maior índice de analfabetismo. Mas claro, a pobreza é também comum em todas as grandes cidades do país na forma de subúrbios e favelas, comunidades pobres das cidades grandes.


O sistema de saúde pública brasileiro enfrenta vários problemas. Por falta de infra-estrutura, temos altos índices de mortalidade infantil, taxa de mortalidade materna, mortalidade por doença não-transmissível.

Você já foi para Alagoas?

Imagine-se em um lugar sem água, sem comida, sem saneamento básico e sem emprego; vivendo em um clima seco e quente, um verdadeiro deserto onde a única vegetação existente é basicamente o mandacaru ou a palma, que serve tanto para alimentar os animais como os moradores desse lugar em secas prolongadas. Toda essa miséria parece algo muito distante do nosso cotidiano, mas é a realidade de muitas famílias do Nordeste brasileiro.



As informações do Brasil que relatei acima, são dados gerais. Mas estamos passando por diversos sufocos aqui no Brasil.
E agora eu pegunto: se não pudermos considerar isto como um desastre humanitário, como devemos chamá-lo?

Dia-a-dia morrem pessoas vitimas de enchentes. Na cidade de São Paulo, em apenas 05 dias, 62 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. Temos bairros que estão há diversos dias de baixo d’agua, crianças com medo, famílias desesperadas.

Hoje li uma notícia informando que 4 mil pessoas estão desabrigadas no Paraná, e que a cidade de São Paulo está toda em alerta.

Leia aqui a reportagem de hoje do Fantástico que diz que alguns lugares de São Paulo parecem estar abandonados

O que o governo brasileiro tem feito por isso? O que nós estamos fazendo por isso?



Porque não fazemos doações ao nosso país? Porque nosso presidente não se pronuncia e faz um apelo sobre o caso? Porque quando vou ao caixa eltrônico pedem para eu dar minha ajuda para o Haiti e não para nossos habitantes que estão sofrendo com as catastrofes brasileiras?

“As catástrofes que ainda prosseguem no município de São Paulo estão deixando profundas marcas tanto socialmente quanto politicamente falando. As enchentes cada vez mais intensas estão deixando os cidadãos literalmente sem saída e acabam agravando ainda mais a já complicada situação do trânsito na cidade.” (Luiz Lima)


Nosso país é grande e não deveria ser analisado por sua totalidade. Mas sim por cada região.

Assim como Jorge Hessen, acredito que para todos os fenômenos humanos, há sempre uma razão de ser. Deus não é injusto.

Vamos ajudar sim. Vamos ajudar o Haiti porque o bem desse desastre e o bem de nossa ajuda, será sentido pelas futuras gerações. Mas não esqueçamos do nosso país.

O Haiti precisava passar por isso. E este reflexo mundial está nos fazendo refletir sobre certas atitudes nossas e do nosso governo. Espero que os resultados tragam boas colheitas.



Porque artistas como a Madonna e Beyoncé realizam shows para arrecadar verbas para problemas como o do Haiti, e nossos artistas não fazem nada? Porque não temos por aqui shows para ajudar o nosso Brasil? Porque nos preocupamos mais com a casa dos outros do que a nossa? Porque nossos problemas são ignorados?


Pensemos nisso!


(Foto: Casa em Rio Grande do Sul - estrago causado pela enchente)

“Não é muito difícil de ligar a televisão em um telejornal e escutar uma notícia de algum desastre natural que tenha acontecido no mundo. Atualmente grandes terremotos tem afetado várias partes do mundo e vem assustando a população, sendo no Brasil um país bem sortudo, levando em consideração outros países do mundo. São inúmeros os tipos de desastres naturais, porém os que vem preocupando mais são os tsunamis e os grandes terremotos, mas também é bem verdade que esses grandes desastres vem sendo reflexo das ações do homem. A poluição tem sido a maior causa dos aumentos das conseqüências dessas tragédias naturais que cercam o mundo.” (Leandro Moreira)

Para aqueles que financeira não puderem ajudar, eu peço que orem. Pois a oração é uma grande ajuda... A prece faz parte da lei da atração: deseje muito uma coisa e será atendido.



“O HAITI É AQUI...O HAITI NÃO É AQUI”
BRASIL, CUIDE DE SUA CASA!


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*Post by Ana Claudia Maltempi
**Para elaborar este post foram feitas diversas pesquisas e muitos trechos foram retirados dos sites pesquisados. Segue abaixo a relação dos sites que serviram de suporte para o texto de hoje:


Brasil Haiti
G1
Wikipedia
Wikipedia2
Yahoo
Abril
Mundo Afro
Bico do Corvo
Bico do Corvo2
Grupo Artes
Jorge Hessen

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